A revolta das TAXAS e o vídeo do Nikokas Ferreira
Na última semana, o vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira sobre o monitoramento de transações via PIX viralizou, alcançando milhões de visualizações. No entanto, reduzir o impacto do episódio ao conteúdo do vídeo seria ignorar o ponto central: o verdadeiro problema não está na produção em si, mas na narrativa consistente e eficaz que a oposição tem construído contra o governo Lula.
A Força da Narrativa: Taxação e Gastos
Desde o início do mandato, a oposição vem trabalhando em uma mensagem clara: o governo Lula é um governo gastão e ávido por taxar a população. Essa narrativa foi reforçada com exemplos concretos, como a “taxa das blusinhas” sobre compras internacionais e a ampliação do monitoramento de transações financeiras, como no caso do PIX.
Embora muitas dessas medidas tenham amplo apoio político, inclusive de parlamentares da oposição, a construção da mensagem foi direcionada exclusivamente ao desgaste do governo. A oposição conseguiu pintar um quadro onde qualquer iniciativa do governo relacionada a impostos ou taxas é vista como uma tentativa de explorar o contribuinte, independentemente dos fatos.
O Papel do Governo na Comunicação
O governo federal, por outro lado, tem se mostrado incapaz de reagir a essa construção narrativa. Enquanto a oposição lança “grãos de areia” continuamente, construindo uma “praia” de percepções negativas, o governo permanece na defensiva, respondendo caso a caso, sem uma estratégia centralizada para desconstruir essa imagem.
Mesmo com números econômicos positivos e avanços sociais, a comunicação institucional falha em conectar esses resultados com o dia a dia da população. Os feitos do governo não se traduzem em emoção, identificação ou mobilização, deixando um vácuo que é rapidamente preenchido pela narrativa adversária.
O Caso do PIX: Apenas a Ponta do Iceberg
O episódio do vídeo de Nikolas Ferreira é um exemplo clássico de como a narrativa bem construída dá força a um conteúdo que, por si só, talvez não tivesse o mesmo impacto. A instrução normativa da Receita Federal sobre o monitoramento de transações financeiras já existia em outros formatos, mas a oposição usou o tema para reforçar sua mensagem de que o governo quer “vigiar” e “cobrar” mais da população.
Sem a narrativa já consolidada de que o governo “taxa tudo”, o vídeo de Nikolas seria apenas mais uma peça no mar de conteúdos das redes sociais. Mas, apoiado por meses de mensagens consistentes, ele se tornou uma “gota d’água” que corroborou o discurso construído pela oposição, transformando-se em um gatilho emocional para grande parte do público.
A Importância de Construir Mensagens ao Longo do Mandato
A lição mais importante para o governo Lula e para qualquer equipe de comunicação política é que mensagens não se constroem do dia para a noite. A narrativa precisa ser trabalhada continuamente, com coerência e adaptada às expectativas da população.
A oposição não alcançou sua força atual por acaso. Sua habilidade de utilizar as redes sociais, produzir conteúdos de impacto e conectar-se com os sentimentos da base eleitoral é fruto de uma estratégia bem articulada e de longo prazo.
Por outro lado, o governo Lula tem focado mais em ações pontuais do que em um projeto comunicacional abrangente que seja capaz de consolidar uma imagem positiva, sustentável e alinhada aos anseios da população.
O vídeo do Nikolas Ferreira sobre o PIX não foi o problema em si, mas um sintoma de algo maior: a perda narrativa do governo Lula diante de uma oposição bem organizada e comunicativamente eficiente.
Se o governo quiser reverter esse cenário, precisa sair da defensiva e começar a construir sua própria narrativa, com mensagens claras e consistentes que mostrem não apenas o que está sendo feito, mas também o impacto real dessas ações na vida das pessoas.
No marketing político, as redes sociais são ferramentas poderosas, mas é a narrativa que move montanhas. Enquanto o governo não entender essa dinâmica, continuará refém de um discurso que o enfraquece, mesmo quando realiza avanços concretos.