Roni Torrens, 37 anos, sempre foi de enfrentar desafios: ele mudou de ramo mais de cinco vezes em busca da independência financeira. O empreendedor vendeu pulseiras, cadernos e caipirinhas e, agora, encontrou o sucesso com uma temakeria.
Para abrir a empresa, ele pegou R$ 90 mil em empréstimo do banco e montou a primeira unidade da Temaki Fry, em 2008, em São Paulo. Com dez anos de vida, o negócio não só pagou a dívida como prosperou: em 2018, ele faturou R$ 12 milhões.
Mas o caminho foi díficil. Uma das dificuldades do empresário ao abrir a empresa foi montar o plano de negócios. Por não se preocupar com essa fase do processo, ele acabou gastando muito mais do que deveria para abrir as portas. Diversas peças, objetos e aparelhos da cozinha tiveram que ser substituídos porque não eram ideais para a temakeria. “Eu me arrependo de não ter procurado uma consultoria”, diz.
Logo depois que o negócio deu certo, surgiu outra questão. “Sempre me perguntavam se a marca era uma franquia; eu respondia que não”, diz. Mas a partir daí ele ficou com uma pulga atrás da orelha. Procurou empresas especializadas em franchising e, por conta do risco, desistiu da ideia. “Eu me sentia inseguro”.
Esse medo só acabou quando o empresário conheceu o empreendedor goiano Felippi Girundi. Com muita insistência dele, Torrens foi conhecer Goiânia e percebeu um mercado muito aberto para o seu produto. Foi lá que tomou coragem e abriu a primeira franquia da Temaki Fry. Atualmente, a rede tem sete restaurantes em São Paulo, dois em Goiânia e um no Rio de Janeiro. “Quem tem sangue empreendedor não pode ver uma placa de aluga que já quer montar um negócio”, afirma ele.
HISTÓRIA
Roni Torrens tem uma vida empreendedora.
Aos 17 anos, no final da década de 1990, ele abandonou a escola e se mudou para Florianópolis (SC) para curtir a vida. Quando chegou lá, viu que não seria tão fácil. Ao invés de encontrar uma ilha deserta, como imaginava, ele desembarcou em uma cidade urbanizada. Conversando com pessoas na rodoviária, ele decidiu se mudar para Canasvieiras, um bairro da capital catarinense. Lá, se mudou para um camping, montou sua barraca e foi para praia “manguear” (termo usado para descrever a venda de produtos na areira da praia).
Seu sustento nessa época era dos artesanatos (pulseiras, colares e anéis) e de blusas que vendia em uma feira à noite. O problema foi quando chegou a baixa temporada (inverno). Nessa época, ele teve que procurar outras formas de ganhar dinheiro. Depois de trabalhar (por apenas um dia) numa obra da Caixa Econômica Federal, Torrens decidiu voltar para São Paulo. Na sua cidade natal, ele tinha uma estrutura que não tinha em Florianópolis e poderia começar a empreender. Usando seu conhecimento do setor gráfico, por ter trabalhado com o pai, montou um negócio de cadernos.
Os primeiros produtos produzidos foram financiados por sua mãe, que emprestou dinheiro para os materiais. O objetivo era vender para papelarias, mas o produto era artesanal e se tornou muito caro, sem competitividade no mercado. Foi a primeira falência de Torrens.
Ao fechar essa empresa, ele trabalhou até como presidente da associação do bairro e garçom. Ele topava qualquer negócio para poder trabalhar. Em um restaurante em que trabalhou, ele conheceu Débora Fernandes. Foi com ela que ele decidiu empreender novamente.
O sonho dos dois era abrir o próprio buffett, mas, em vez disso, decidiram se mudar para o Guarujá (litoral de São Paulo) para vender caipirinha na areia. Com o carro da irmã emprestado, eles compraram as bebidas e se mudaram. No primeiro dia do “negócio”, os dois venderam apenas uma caipirinha, para uma prima de Débora. A noite, sentados no calçadão e pensando o que fariam em seguida, foi que eles conseguiram vender mais bebidas.
Mesmo que a ideia inicial não tenha dado certo, Torrens e Débora se adaptaram para poder continuar com o negócio. De dia vendiam cerveja na praia; e à noite, as caipirinhas. Mas tiveram seu carrinho apreendido pela fiscalização no carnaval de 2005. Os dois então voltaram para São Paulo e começaram a vender comida em trailers.
Depois de mais uma apreensão, Torrens cansou de trabalhar informalmente. Junto com Débora, ele foi atrás do sonho de ter um buffett. Por não terem um local onde pudessem fazer eventos, eles decidiram trabalhar com feiras. Apesar da falta de experiência, de indicação em indicação os dois cresceram dentro do ramo. Fizeram de festas infantis a coffee breaks.
Dez anos depois de se mudar para Florianópolis, eles decidiram abrir um negócio fixo. Assim surgiu a temakeria.